Musicoterapia no tratamento da dor

Programa de Tratamento Musicoterapêutico do Grupo de Estudos da Dor da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).

Coordenadora: Dra. Ana Maria Ferreira de Souza (Médica Assistente- especialista em musicoterapia pelo Conservatório Brasileiro de Música-RJ) CREMESP- 70015

Musicoterapia

musicoterapia

A musicoterapia vem sendo utilizada no tratamento complementar de pacientes que sofrem de dor crônica de maneira comprovadamente eficaz e de baixo custo.

Ela é utilizada como estratégia de enfrentamento da dor como uma terapia cognitiva comportamental mas também é capaz de propiciar o auto conhecimento levando a descobertas das causas dos sofrimentos que geraram a dor propiciando a elaboração destes conflitos psíquicos de forma simbólica através de “experiências musicais” (Bruscia, 2000, p. 113-119) como uma terapia psicodinâmica de linguagem não verbal, ou seja, musical.

O musicoterapeuta funciona como um catalizador para que estas “experiências musicais” ocorram durante a sessão musicoterapêutica. Os principais métodos aplicados em musicoterapia são:

1- Audição Musical (Summer apud Ruud, 1990, p.75) obedecendo ao Princípio do ISO (Benenzón apud Costa, 1989, p.43) que é a preferência musical do paciente e ao Princípio do Prazer (Benenzón apud Costa, 1989, p.42-45) propiciando a liberação de mediadores químicos analgésicos do encéfalo como a endorfina modulando a percepção dolorosa.

2- Improvisação Musical (Nordoff, Paul and Robbins, Clive apud Ruud, 1990, p.72) através do “fazer musical” utilizando instrumentos musicais para expressão dos sentimentos é possível se favorecer a utilização das emoções de forma positiva.

3- Recriação Musical (Noy apud Ruud, 1990, p.35) através deste método é possível se defrontar com a descoberta da causa do sofrimento e a partir desta descoberta possibilitar uma mobilização interna para a resolução destes conflitos psíquicos.

4- Composição Musical através deste método também é possível se elaborar conflitos psíquicos de forma simbólica através da criação musical levando ao auto conhecimento e ao alívio do sofrimento. (Souza, 2005)

O tratamento musicoterapêutico realizado no Grupo de Estudos da Dor da Divisão de Clínica Neurológica do HCFMUSP para pacientes que sofrem de dor crônica é baseado em Projeto Piloto realizado neste serviço e aprovado pela CAPpesq Ad Referendum em 20/03/2012.

Sete grupos de pacientes com dor crônica pertencentes ao Grupo de Estudos da Dor foram formados. Este estudo foi controlado por placebo e os pacientes foram seguidos por 14 meses. Os pacientes foram submetidos a oito sessões musicoterapêuticas em grupos de oito pacientes cada um, com frequência de 1x por semana e com duração de oitenta minutos cada sessão.

Os resultados desta pesquisa demonstraram significância estatística na redução da ansiedade e da depressão; na melhoria da qualidade de vida medida pelo domínio físico e ambiental, e na diminuição do consumo de medicamentos. Estes efeitos benéficos se perpetuaram até um ano depois da aplicação das sessões musicoterapêuticas no seguimento e deve ter acompanhamento com psicóloga.

(Souza, A.M.F. e Teixeira, M.J., 2012)

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REFERÊNCIAS

1-BENENZÓN, Rolando O. Musicoterapia em Psiquiatria. Buenos Aires: barry
Editorial, 1972. 93 p. IV- El Principio de ISO, p. 27-28.

2-BRUSCIA, Kenneth E. Níveis das Experiências Musicais. In:______. tradução
Mariza Velloso Fernandez Conde. Definindo Musicoterapia. 2a edição. Rio de
Janeiro: Enelivros, 2000, p. 113-119.

3-COSTA, Clarice Moura. O despertar para o outro: musicoterapia. São
Paulo: Summus, 1989.127 p.Cap. II-O panorama atual. Métodos e
técnicas. p. 33- 49.

4-NOY, Pinchas. “The Psychodynamic Meaning of Music”. Journal of
Music Therapy, p.10, 1967.

5-NORDOFF, Paul, and Robbins, Clive. Music Therapy in Special
Education. Nova York, The John Day Company, p. 238, 1971.

6-RUUD. Even. Caminhos da musicoterapia. São Paulo: Summus.
1990. 107p. Cap. 3: Teorias Psicanalíticas, p. 33-48.

7-RUUD. Even. Caminhos da musicoterapia. São Paulo: Summus.
1990. 107p. Cap.5: A Tendência Humanista/Existencial em
Psicologia, p. 63-84.

8-SUMMER, Lisa. Guided Imagery in Music in The Institutional
Setting. St. Louis, Magnamusic-Baton, 1988.

9-SOUZA, Ana Maria Ferreira de. In: Musicoterapia no Tratamento da Dor.
Aula ministrada no X Curso de Atualização em Terapia da Dor da Liga de Dor da
FMUSP no dia 03 de Novembro de 2005.

10-SOUZA, A.M.F. e TEIXEIRA, M.J. Relatório Técnico Científico:
“Projeto Piloto-Implantação do Programa de Musicoterapia para Tratamento de Pacientes com Dor Crônica do Grupo de Estudos da Dor da Divisão de Clínica Neurológica do Hospital das Clínicas da FMUSP” (O Impacto da Musicoterapia no Tratamento Complementar de Pacientes que Sofrem de Dor Crônica)

Aprovado pela Comissão de Ética do HCFMUSP-(CAPpesq) Ad Referendum em 20/03/2012, baseado no Protocolo de Pesquisa no. 0439/08.